30 Dias, por Mónica Bettencourt Dias



E se te dissessem que só tens um mês de vida! Um mês! 30 dias apenas…O que farias? A quem contarias? Eu felizmente não faço ideia como é passar por tal situação. Mas imagino que não deva ser fácil viver com um prazo de validade espetado na testa. Olhar para as pessoas que amamos, sempre como se fosse pela última vez. Despedirmo-nos de cada sítio em que passamos, porque sabemos que podemos não voltar a vê-lo. Pensar em tudo o que deixámos por fazer e perceber que já não há tempo. Perceber que desperdiçámos tempo demais com coisas que não valiam a pena e que as mais importantes foram adiadas porque ainda teríamos tempo. E afinal não temos! Querer dizer tudo o que sentimos às pessoas que amamos, agradecer a quem nos fez bem, pedir desculpa a quem fizemos mal. Mas o tempo está a fugir-nos, e há tanto por dizer…Não podemos dar parte fraca, para quem gosta de nós não ficar triste. Não nos podemos ir abaixo. Não podemos chorar porque temos poucos dias e não podemos desperdiçá-los. E depois também há a revolta. Porquê eu? O que foi que eu fiz de mal? Não aceito este destino. Porque não podia ter calhado tamanha desventura a alguém mau? Que injustiça! Deus está a ser mau para mim, está a ser injusto e eu não aceito. Não aceito! Depois acabamos por perceber que Deus não é mau e se é assim que tem de ser então que seja. Aceitamos o fado que nos calhou e vivemos com calma enquanto ainda pudermos. E no fim, bem no fim, não sei, provavelmente ficamos calmos, despedimo-nos com um sorriso e vemos a luz que nos vem buscar.

Mas como referi não faço mesmo ideia do que é passar por isto tudo, imagino apenas… E é por estar a imaginar isso neste momento que vejo como a vida é curta e como a desperdiçamos. Como temos medo de sonhar, de gritar, de dizer o que sentimos. E depois? Depois percebemos que o tempo é escasso e já não vamos conseguir fazer nem metade do que queríamos. Não podemos voltar atrás para dizer o que queríamos dizer. Não podemos mudar o passado. E é por isso que enquanto ainda temos tempo e ainda vivemos sem prazo que devemos fazer tudo isso. Obviamente não dá para viver como se tivéssemos apenas 30 dias de vida, mas podemos aproveitar melhor o tempo que nos é dado todos os dias. Aproveitar os momentos que ainda temos para viver, as pessoas de quem gostamos, as vidas que se cruzam na nossa. Acima de tudo viver e tentar fazê-lo bem!

Mónica Bettencourt Dias

2 comments:

Carla Afonso said...

És tu! Uma verdadeira luzinha! Love it

Unknown said...

Obrigado linda :)