CASA FERNANDO PESSOA
Vontade não me falta, tempo tivesse,
Assentava arraiais na primeira fila
De segunda-feira a domingo,
Alheando-me do burburinho exterior
Da cidade, de Campo de Ourique, da vida.
Busco tranquilidade e inspiração
Dou por mim a esta porta, sem ser convidado.
Quero absorver tudo quanto possa aprender.
Abrem-se as portas da Catedral
Não as do Santo Condestável, nem as do fado
As da poesia, da prosa e da cultura.
Tempos atrás tive como cicerone Ricardo,
Na semana seguinte abriu-me a porta Alberto,
Há poucos dias, Álvaro fez-me recordar família.
Todos eles me conduzem à biblioteca.
Cada qual a seu jeito, propõe a sua leitura
Que me faz esquecer quem sou,
Onde estou e para onde vou.
Sentado no meu canto, olhando o jardim
Alheio-me de tudo e em alguns momentos
Sinto no silêncio conversas em surdina,
Sussuros, desassossegos intermináveis.
Num ápice dou um salto imaginário
Lá está Bernardo, Fernando e os demais.
Alexander raramente presente.
Há festa na casa, prosa sadia
Sobre a Águia, Orpheu e Athena
Maçonaria, ocultismo, misticismo,
Idas à Brasileira e ao Martinho.
Conversas infindáveis que sofregamente
Guardo em prateleiras da memória.
Assim fico até que uma mão leve,
Uma voz meiga e doce me desperta,
Convida a uma próxima visita.
Esta semana e sendo convidado
Vou lá encontrá-los todos
Para mais uma amena cavaqueira.
Por Manuel Jorge Barqueiro
15 comments:
Poema digno de Pessoa :) Que bom ler estas palavras... e que orgulho!
Eu diria que esta é uma história bem contada. Mas há muito mais escritos na gaveta que merecem ver a luz do dia.
E dá vontade de ir à Casa Fernando Pessoa...
Caro amigo, Manuel Jorge Barqueiro,
Obrigado pela indicação deste seu poema, desta história. Parabéns. Confesso que devido ao facto de não conhecer a maioria dos elementos mencionados (lugares, pessoas, etc.) não consigo apreciar por completo o escrito. Tenho certeza disso! Mas uma coisa é certa: estou ansioso por visitar e por conhecer.
Um grande abraço e votos de um excelente fim-de-semana.
Kostadin
Crias fome a quem julga que não a tem :-)
Abraço poeta
Muito bom! Um orgulho. Abraço
AMIGO LINDO,
que veia está aí para nos descobrir-mos ???
conversas entre artistas, conversas de cafes, conversas de amigos,
Que bom saber que algo teu está visível nesta janela ao mundo, um grande abraço Barquerinho.
Que surpresa agradável! Sinto-me lisonjeada :-). Parabéns! Sucesso!
Jorge, gostei muito. Não te conhecia essa veia. Continua, Amigo. Um abraço
Manel, obrigado por me deixares ser teu amigo. O que li, é a tua essência humana. Uma pessoa sensível e maravilhosa. Um grande abraço.
Parabéns cunhado.
Maravilhoso privar com Pessoa, ou com qualquer um dos "Pessoas" guiada por ti, neste mundo admirável dos sentidos e da escrita por onde te aventuras.
Continua e dá-te a conhecer.
Quem gosta de boa leitura merece!
Que orgulho!!!!! Quero mais!!!!!!!!
Oh Manel… Oh Manel… Mas o que é isto?! Será que encontrei o Pessoa que faltava?! Amigo… sem palavras. É nestas ocasiões que dou graças por ter neurónios suficientes que permitam processar tais palavras. Muitos parabéns. Não pares, por favor!!
E já agora convidas-me?...
Paula Nascimento
AMEI de verdade! Já o tempo morria sem ver algo teu, não me surpreende, e pergunto por onde andas sob as sombras que ofuscam tuas ruas?!
Quero mais porque eu sei que muito se esconde debaixo desse olhar terno e sorriso tocante, da tua Grande Aura luzidia.
Abraço enorme
Coisa mais linda esta tua prosa.
Também me sinto intima de alguns "Pessoa".
Acabo de ter a inspiração de incluir na programação do III Encontro de Poetas da Língua Portuguesa uma visita à Casa de Fernando Pessoa.
Ele vai gostar de nos receber.
Parabéns Manuel!
Somos um só verso.
Coisa mais linda esta tua prosa.
Também me sinto intima de alguns "Pessoa".
Acabo de ter a inspiração de incluir na programação do III Encontro de Poetas da Língua Portuguesa uma visita à Casa de Fernando Pessoa.
Ele vai gostar de nos receber.
Parabéns Manuel!
Somos um só verso.
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