TURBILHÃO de Elaine Elesbão



TURBILHÃO



Eu queria saber quem sou,

perdida em meio a tantas palavras,

e são tantas que não cabem dentro de mim...

Tantas que me abstraio daquela que um dia fui,

sem saber quem agora me torno.



Falar já não faz sentido;

pensar me tira o sono;

sonhar não me traz alento;

acordar não me traz de volta à realidade;

viver me parece pouco, muito pouco.



Voo tão alto que me perco entre os mundos.

Tenho pena da minha vontade.

As palavras saem pelos meus poros,

luto para entendê-las e resgatá-las...

E sou dominada pela ânsia de dar a elas alguma forma.



Talvez tenha perdido o senso.

Preciso colocar para fora aquilo que me consome;

transformar em história tudo o que imagino;

ver além daquilo que enxergo;

encontrar o limite do verbo.



Não sou capaz de respirar de outra maneira.

O dia começa e termina em uma frase.

As ideias, frenéticas, dançam como loucas.

A inspiração cutuca a minha alma...

Derramar-me sobre o papel é o meu desatino.




Elaine Elesbão

No comments: