Por Juliano Magno de Souza


 
 Embora tenha negligenciado vários conceitos básicos em nome do detestável politicamente correto e, talvez, em prol de um senso deturpado de socialização a minha compreensão da palavra perdão continua, ainda, literal, segundo o dicionário.

 Banalizei risos – alguns perdurarão sendo genuínos – dissimulei poucas dores que em sua maioria foram execráveis, tolerei mal entendidos que para mim, na verdade, foram muito bem compreendidos, mas a denotação de perdão, por enquanto, é rigorosamente a mesma.

 O dicionário a define como “remissão de pena”. É diferente de desculpar que no mesmo dicionário tem, assim, definido seu significado: “eliminar ou atenuar a falta/culpa de alguém ou, ainda, justificá-la”.

 Ora, meu algoz é digno da pena que lhe imputo enquanto que, meu vizinho, é digno de ter sua falta atenuada ao se desculpar por cortar seu pé de limão e, desta forma, me impossibilitará esticar meu braço e apanhar seus limões.

 Não vos digo que não sei perdoar, mas digo-vos que sei desculpar. O meu algoz não tem consciência, tampouco, culpa para lhe molestar, logo, o cretino não precisará de atenuação. É, irônico, eu sei.

 Contudo, eu, ainda detenho a imaculada prerrogativa de expiar sua perene pena, todavia não posso e não quero ceder-lhe; não posso porque crustáceos não pedem perdão e não quero porque detesto frutos do mar.

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