Madrugada, de Hárlen Ribeiro

Era madrugada, naquela rua de asfalto e sombria
Havia lá uma castanheira cheia de bichos noturnos
Embora silenciosos, os bichos, estavam lá e suspeitos
Era madrugada, ninguém mais se atreveu viver aquele momento
Era poesia aquela madrugada e silencio
Que hoje me são apenas sombra e saudosa lembrança
Não tinha nada de especial, aquele momento
Exceto o momento que aquele me proporciona hoje
O de lembrar a madrugada como beleza subjetiva
Como algo vivido intensamente mesmo que só
Com os bichos suspeitos. Mesmo que trivial, ou não
Era madrugada como agora também o é
Mas é diferente, não consigo agora projetar metade
Do que aquela madrugada representa pra mim
Era madrugada, naquela rua de asfalto e proibida
Minha mãe nem se lembra que fugi naquela noite
Que pena dela, dormia enquanto eu sonhava.​

Hárlen Ribeiro

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