Dar força ao desalento, de Bruno Jorge


O brilho nas ondas!
Mil coroas de prata
coroam outras tantas rainhas de cristal        

Alegremente saltando no mar.
Ó brilho onde quer que te escondas
Tua ausência magoa... Parece que mata!
Solidão me encerra num antro de mal;
Nem a alegria das ondas me parece libertar.

E o brilho dos meus olhos
Que já o espelho não vislumbra
Procuro-o nas ondas esperando contágio.
Pois ondas na vida tenho tido aos molhos
Mais são aquelas que me prendem na penumbra
Nas ondas que sorriem procuro o meu presságio!

E se ébrio não estou e a noite vai longa.
Se por vencido não me dou ainda que o tempo prolonga
O tempo que espero um dia alcançar.
É um pranto que Tolero na esperança de te beijar

O beijo que espero um dia darei.
Por isso Tolero ser escravo e não Rei
Daquela que a face e a boca anseio
E se a mim me beija-se eu seria um todo e não meio

Procuro o sorriso que já só tenho quando canto
Aquele que tanto preciso neste canto onde me sento
E esta eterna procura que tenho procurado tanto
Quando lágrimas de amargura afogam o sorriso que as vezes invento

Esse sorriso inventado que no fundo não é falso
É sim um grito revoltado de quem se recusa a desistir
Derrota que rejeito por maior que seja o percalço
Mesmo chorando tenho feito muita força para sorrir!"




Por Bruno Jorge

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