O relógio parou. Já não bate os segundos ao ritmo dos
minutos, nem esses minutos acompanham as horas planeadas.
O tempo continua apesar de tudo. Programado além das vinte e
quatro horas conhecidas.
Como se o tempo pudesse aumentar ou diminuir consoante a
nossa vontade.
Hoje o meu dia tem trezentas horas, sim, tem mesmo! Porque
quero ter tempo para tudo e sou eu quem decide isso. Amanhã espero que tenha
apenas seis horas, o tempo suficiente para dormir e não o viver acordada.
Depois de amanhã logo se vê. A partir do momento que o relógio para, somos nós
quem damos corda aos ponteiros. Ora mais rápidos, ora mais lentos... E há quem
o queira para sempre parado.
Tic-tac! Tic-Tac!
Ups...! Afinal ao relógio apenas precisava de mudar a pilha.
E parece que o tempo continua igual, com doze horas por cima de outras doze. E
não há forma de mudar isso, desenganem-se. Quem comanda o tempo não somos nós.
E quando pensamos que podemos tirar o som ao relógio, é a vida quem nos tira o
som a nós.
Marisa Santos Silva
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