Fujo do mundo, não por medo de ele ver como sou, mas talvez com receio de ver como ele é. As coisas alteraram-se e eu fiquei parada no tempo à espera que me acordassem do sono da passividade. Adormecida no leito da vida não vivida, apenas sonhava com o que se pudesse passar fora da redoma claustrofóbica em que me imiscuía. Apareceste tu e, pelas brechas da redoma, entrava a luz do teu sorriso que as foi alargando, até eu perceber a luminosidade que existia fora de mim. Entendi que afinal eu (sobre)vivia e lutava para não ficar sem vida. Inconscientemente, procurava alimento que me desse forças para rebentar com as algemas que me prendiam a algo que me condicionava e me sufocava mortalmente.
Deixei de ser eu. Quem era? Ao vislumbrar o teu sorriso, ao fixar o teu olhar... perdi-me... para voltar a encontrar-me...
Tenho medo... Que a ilusão seja novamente uma sereia que me tente para o mar tenebroso das quimeras... Que o querer assim tanto seja uma armadilha onde a desilusão esteja mais uma vez à minha espera...
Às vezes encontro-me... e penso em como seria... Desenho paisagens, cenas de um futuro quase presente e tudo é idilicamente traçado no quadro do sentimento mais puro e sincero... Mas depois... Desço suavemente da nuvem e desencontro-me na superfície terrestre onde a veracidade do mundo real afasta qualquer quimera, ou sonho, ou ilusão, ou desejo ...
Fujo do mundo com medo de o viver... Finjo perante o mundo com medo de me perder..."
Teresa Barros
Sinto-me um privilegiado sempre que leio as tuas lindas palavras. Escreves com toda a tua alma e coração,com o mais puro dos sentimentos,e é aí que surgem as mais belas palavras de serem lidas e sentidas. E agora todos podem ler e deliciosamente desfrutar da verdadeira beleza da tua escrita. E realmente é algo que deves partilhar com todos,ninguém deve ser privado de algo verdadeiramente belo. ÉS o meu orgulho.
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Bonito e envolvente texto. Gostei muito. Parabéns
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