Sobre águas serenas de M. Mendes
Sobre águas serenas
Flutua o medo do pescador
Sempre soube pescar sem rede, sem amarras, sem amor.
Pequeno no oceano
Respeita, sente a ondulação
Fez o mesmo, ano após ano.
Estação após estação
(Com ou sem coração)
Envolve, é grande
Já não esconde nenhum segredo
O mar revolto, ao pescador
Sem amar, não mete medo
Toda a onda é diferente
No fim, é vencida.
O medo que o pescador sente
Vem da sereia sedutora, temida.
Em consecutivos balanços
Longos períodos de calmaria
Há plena confiança
Sem amar, venceria.
Sobre as ondas o mestre domina
Será o mar igual ao de sempre
A vaga puxa, ora empurra
E o amor será que ele sente?
Vencida a vaga com mestria
É sempre a próxima que preocupa
Senão for igual à passada
Pode bem ser essa a última.
O pescador não mede
Diz que não o amam.
Mas não navega sem medir
Mede o que faz porque o chamam.
Neste enlace o homem dá
Só a sereia agradece
Sem ele a onda passa só
Ninguém a toma, desaparece.
A sereia amedronta
Seduz e distrai do mar
Um dia o pescador
Terá de a domar.
Será possível sem amar.
A sereia que quer dominar
Formar onda diferente
Onda que lhe bate e sente?
Sem risco o barco voltará
É garantido o momento
Com sorte voltará, vazio
Sem ninguém dentro.
Na incerteza este homem
Deixa por hoje de pescar
Segue a onda, doma a sereia
Hoje terá de amar.
Volta para o porto
Embarcação ancorada
Será que amou? Voltou !
Então a sereia foi bem amada.
M. Mendes
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3 comments:
mto bom
Obrigado
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