Sei que às vezes ris - bastante de Carlos Marcelino

Sei que às vezes ris - bastante


Mas nem sempre a vontade que está por fora é igual ao que se sente por dentro. Mas sei que ris, muito. E que tentas matar a tristeza com um sorriso. Acho que é assim que se matam as tristezas, com sorrisos. É isso que vejo em ti: um sorriso gigante por fora que amedronta a tristeza que vai por dentro, e é isso que faz sentido: em vez de nos deixarmos amedrontar com as tristezas, em vez de nos deixarmos cair, sorrimos. Às vezes mesmo por entre lágrimas sorrimos, e elas, com medo, vão-se embora (ou pelo menos afastam-se o suficiente para nos deixar sorrir).

As lágrimas têm um poder de lavagem da alma, penso que seja para isso que servem, saltam fora de nós para lavar o que nos entristece.

As lágrimas também dão alento, reconheço-lhes esse valor, dão força para o passo seguinte, às vezes só depois de chorarmos é que as luzes da vida se alumiam para vermos por onde temos de ir.

Quantas batalhas não se ganharam depois de um choro? Quantas forças não se reuniram depois de derramadas lágrimas? Quantos caminhos não se desvendaram depois de enxugarmos as lágrimas que nos cobriam os olhos? Quantas mães não fizeram das suas lágrimas forças para que o mundo continue a avançar? Como conheceríamos a bonança se não houvesse tempestade? Primeiro tudo revolto, e, depois a bonança, a calmaria, que nos deixa ver para onde vamos.
Deus não iria criar as lágrimas só para nos fazer tristes, se ele as criou foi para algo mais do que viver tristezas.

Afinal também existe felicidade no meio das lágrimas, não é verdade?

Chorar faz bem quando chorar faz falta.

Sei que às vezes ris - bastante. Mas também sei que choras - quando precisas.

Carlos Marcelino

1 comment:

µЙ∂M™ said...

Maravilhoso esse texto!!