Olha, de Ana Monteiro

















-Olha-me nos olhos. – Disse-lhe. – Vou desistir de ti.

Aquela figura sublime fez o que lhe pedi. Aguardei por algo. Pelo quê? Não o quis admitir, contudo esperava que aquela equivalência de deusa do Olimpo me implorasse para mudar as minhas palavras. Em vez disso, abraçou a minha decisão, qual surpresa.

Obriguei os meus pés de chumbo a levarem-me dali, cabeça baixa, orgulho ferido, coração nas mãos.

Não ousei olhar para trás. Nunca gostei de despedidas, e até hoje ainda não me tinha despedido.


Ana Monteiro

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