Lê meus olhos
Um mundo de
desejos nasce na minha alma
e morre na minha
boca.
O brilho dos
olhos é mudo. As mãos inertes.
O corpo te
abraça, sem te tocar.
Você me diz o
que desejei ouvir,
e eu, covarde,
não digo que te desejo.
Tenho medo de
querer,
já quis tanto.
Pouco tive.
Lê meus olhos,
eu não posso falar.
Me toma, eu não
sei me dar.
Perdoa o
silêncio.
Meu riso
dissimula.
Meu olhar te
escapa
se ocupando com
a paisagem.
E eu fujo.
Por trás da
cortina dois palhaços borrados
choram o
desespero de não conseguir fazer rir.
E a angústia
aumenta com o fim do espetáculo.
Você se vai,
Exposto e
surpreso,
confuso e
perdido.
E eu me vou,
guardada,
protegida pelo
silêncio que não me quer sofrendo.
Me defendendo
com a arma que te matou
mas morrendo
junto.
Mirian Bessa
Duarte
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